20 novembro 2017

Os violentos e criminosos impunes

Temos muitos direitos garantidos por lei. 
No estágio atual, poucos são assegurados, muitos, nem tanto, e vamos fazendo como seja possível. 
Ir e vir é um dos direitos fundamentais, dele depende o desenvolvimento de um povo.
Quando o direito de ir e vir pode ser praticado segundo critérios pessoais, sabemos que a segurança pública vai bem e outros direitos básicos estão saudáveis e sendo bem administrados. Quando morei com minha família durante dez anos em São Paulo, cuidava para permanecer indo e vindo minimamente, usufruindo deste direito somente quando julgasse essencial. Racionalizar o ir e vir significa economia de recursos e melhoria da qualidade de vida e emprego mais racional do tempo, se moramos na sexta maior cidade do mundo. 
Eduquei meus filhos na observância destes fatores e conseguimos nos resguardar de muitos mais incômodos e riscos dos que naturalmente passávamos somente por existir numa babilônia assim. Com uma série de abstenções auto-impostas, algumas públicas e notórias, pudemos usufruir das benesses da grande cidade, tudo com moderação.
Um dos meus filhos perdeu o horário do metrô no retorno da casa da namorada. Teve que descer numa estação da Avenida Paulista porque era a hora do metrô fechar e à empresa não importa se a pessoa ainda está muito longe de casa.
A cidade grande requer que você seja mestre em adminstração de tudo, desde de o toque na suspeita gota líquida no transporte público, o ar que pode estar indevidamente seco para respirar, o passo a mais na direção errada, tudo isso pode significar doença ou morte se não for analisado e não buscarmos soluções pessoais no enfrentamento. 
Meu filho desceu do metrô e não tinha dinheiro para táxi, se largou a pé no meio da noite rumo a nossa casa na Vila Madalena, logo foi pego por um grupo de rapazes armado de facas e cachorros, agarrado, imobilizado e sopapado. No outro dia nos contou o ocorrido em casa. 
O que uma mãe diz é que "não pode, não pode filho, isso não pode, se te acontecesse algo? Não pode contar com a sorte à noite, com tanta menina perto foi arranjar uma tão longe, tem que ter uma reserva de dinheiro para emergência para o táxi. E especialmente tem que carregar celular, você podia ter ligado e eu dava um jeito de ir te buscar." Então o filho responde que se tivesse celular consigo, o teria perdido.
Uma mãe pode dizer: você sabe que não pode ir naquela região depois do anoitecer de jeito nenhum, mas se é a própria Avenida Paulista?! 
Ontem, pegaram um menino de madrugada ao lado do metrô Dom Pedro e encheram ele de laço, podia ter sido pior. 
Mas, meu filho, o que te faz pensar que você pode andar naquela região àquelas horas? 
Que espécie de imunidade você pensa que tem, quando todos sabem que não podem privar desta liberdade? 
Liberdade de ir e vir é somente enquanto você estiver na multidão, e isso não é garantia efetiva, é apenas um placebo que te garantirá uma expressão corporal mais segura e garantida, que até pode manter afastados os trombadinhas que conforme a modalidade de prática, até  preferem a confusão do ir e vir da manada. 
Meu filho, se os guardas das cercanias não saíram dos seus postos para te acudir, eu acho isso o fim da picada, mas eles são treinados para não cair em armadilhas assim, e sair de seus postos e terem suas empresas invadidas e assaltadas, eu não te disse que quando me perdi procurando o endereço onde a Camille e o Joseph estavam passando a noite, já que eles haviam ficado com a chave da casa e eu sem e eu ligava e eles me davam o endereço e eu não o encontrava à noite, pilotando minha moto amarela na região dos armazéns da Lapa e Pirituba e os únicos vivos naquela hora da noite eram os vigilantes nas guaritas, e nas em que eu parei para pedir informação eles me trataram mal e enxotaram achando que era golpe, uma loira de moto fingindo estar perdida e pedindo informação, à noite, por ali? Só podia ser golpe. E se eu estivesse pedindo ajuda por estar sendo perseguida, você pensa que eles me ajudariam? 
Não ajudariam.
Nem em sonho! Se os guardas sonhassem com isso encarariam como pesadelo, acordariam suados e contariam para a esposa ao lado que tiveram um pesadelo em que quase foram metralhados, ainda bem que reagiram conforme o treinamento, até no sonho.
Ontem um moço levou uma surubamba de pau ao lado da estação Dom Pedro, o noticiário diz que os vigilante viram e não fizeram nada a não ser chamar a polícia e fechar melhor suas travas. 
A única alternativa para que isso não aconteça mais era se os militares tomassem a administração do país, tinha que ser uns militares que não tivessem subido aos postos de comando máximo durante a era comunista da corrupção que o PT instalou, onde a segurança que temos é a que merecemos por ter deixado eles se reelegerem. 
Estava contando a um amigo, dia destes, que na vila onde eu morava quando criança, durante o governo militar, houve uma fase em que os meninos fabricaram bodoques e saiam caçar passarinhos. Estavam avisados pelo rádio que não deviam fazer isso, mas faziam, sentindo-se alienados de qualquer represália, em um bairro que não possuia um telefone fixo, sequer.
Estavam jogando pedras com os bodoques a esmo, certa tarde, quando o fusquinha preto e branco da polícia estacionou ao lado deles, alguns conseguiram fugir, mas um deles o policial agarrou pelo braço e levou para o quartel, lá raspavam a cabeça do infrator como sinal, sem pedir a pai nem mãe nem conselho tutelar. O malandrinho que explicasse a falta da melena, com o aviso de que da próxima vez só o soltariam se o pai viesse buscá-lo no quartel.
Era bem diferente. 
E logo depois, naquela fase de governo militar, ainda, fiquei moça. Qualquer um andava livremente pelas ruas na hora que quisesse, se não estivesse malandreando, não corria risco. 
Ah, não havia drogas! Meus colegas da escola noturna chamavam "boleta" às drogas que ouviram dizer que fulano usava. A grande maioria de nós só conhecia droga de ouvir dizer e sob esta nomenclatura.
Eu andava sozinha à noite como podia andar de dia se ocorresse de perder a carona ou a hora. Não havia horário nem território proibido. Estou contando somente porque meus filhos não viveram isso.
A Tai, minha gatinha saiu gauderear, tomar sol no telhado, se achegar ronronando em alguém pedindo carinho ao meio-dia e levou um tiro na cabeça de pessoas adultas que prendem passarinhos, há alguns meses. 
Graças a bons médicos, perdeu somente os dentes e um lado da mandíbula. 
No tempo militar, jovem do bem não apanhava de noite dos outros, que se ocorresse de aparecer uma miliciazinha agia somente uma vez e teria que se mudar para outro país.
No tempo do governo militar, bicho caçava e vivia solto e pessoas não podiam cultivar tanto o banditismo como agora. 
Daí fomos entregar o governo aos que os militares chamavam de guerrilheiros e bandidos.
Agora os jovens apanham ao lado das estações de metrô e os vigilantes se pelam de medo de ser armadilha e deixam. Agora os gatos estão proibidos de circular, os pássaros vivem em gaiolas e, bem, todo o resto. Corrupção e impunidade.  
Na semana passada entraram no meu quintal, quebraram as costas da minha coelha e a penetraram sexualmente.


foto: Este sapo vive por ai, insistindo em entrar dentro de casa e viver embaixo da escada. Quando o vi nas primeiras vezes fiz um alarde, meus filhos o empurraram para fora com a vassoura, depois que vi que não faz mal, que as cadelas não se importam com ele, acho divertido vê-lo passar rumo ao seu quartinho, ou pedir para sair, parado ao lado da porta. Batizei-o de Harry Potter- pelo quartinho sob a escada - e a foto foi de um momento natural, no jornal que ganho no mercado para a Wyllow fazer xixí, estava parada lá o Harry, "lendo", a Wyllow, se vê a câmera, vem.

Reacionários: os que foram favorecidos pela ditadura do PT

Temos nossos direitos assegurados por lei. 
Um deles é a liberdade de expressão. 
Falar sobre nossos medos, sobre nossos sonhos, sobre os outros; tudo garantido pela lei, mas temos que estar conscientes que toda ação é sujeita a reações e interações. Na lei, é diálogo, é contra-resposta respeitosa.
É claro que é bem diferente quando somos ditadores de alguma região, área ou país e temos uma máquina de repressão habilitada para calar aos que discordam e desejam redarguir também publicamente. Não é mesmo, partidários do PT assentados em cadeiras de mando?
Numa ditadura, quando se estabelece o que se pode dizer e quem diz diferente pode ser calado a força, e se não é preso é para não tornar-se mito, sofre consequências que limitam sua mobilidade, vida profissional e social, as nulidades costumam proliferar e ascendem ao estrelato atores que interpretam intelectuais, pois intelectuais, pensadores autênticos tornam-se combatidos e são massacrados moralmente e economicamente.
Na ditaduras nunca importou se o que se manifesta contrário aos seus ditames está certo, importa é estabelecer uma verdade que favoreça os apoiantes da ditadura e não importa que ela seja fraca ou nada tenha a ver com a realidade.  E sempre que uma ditadura assim cai, seus apoiantes que privaram das regalias de ser-se conivente com os desmandos e a super-corrupção praticada pelos ditadores, vão sofrer o choque de sentirem-se descobertos se pretenderem que as regalias da ditadura não se ausentem da sua vida. 
Chama-se a este estágio de "o rei está nu". 


12 novembro 2017

Perícia da PF comprova propina para o grupo de Temer


Do Regime Militar ao Mensalão - livro sobre o legado político do Senador Pedro Simon

Do Regime Militar ao Mensalão, um livro compilação que entre Projetos, Pareceres e Requerimentos, relaciona momentos de destaque do trabalho do Senador Pedro Simon ao longo de toda sua vida política. 
Ativo na tribuna do Senado, nas Comissões, um articulador político forte e respeitado, talvez o maior democrata da contemporaneidade brasileira, o Senador exerceu plenamente as prerrogativas de suas funções quando no período do governo militar foi a oposição, e, sendo, estabeleceu as condições essenciais para o início da Abertura. Exigente e contundente quando necessário, mas nunca um extremista, por isso, ouvido e respeitado por todos, o Senador Pedro Simon foi um personagem obrigatório nos noticiários diários desde os anos setenta até quando houve a possibilidade de se fazer política a moda franciscana, como é definido o seu estilo de trabalho pelo povo. 
Até 2006 produziu 2.500 peças legislativas: 
-198 emendas de projetos
-42 emendas à Constituição
-483 requerimentos de informação
-379 pareceres sobre matéria em tramitação pelas comissões do Senado
-4 projetos de decretos legislativos
-37 projetos de resolução
Perfazendo 1.389 iniciativas legislativas.
Vinte anos depois de deixar o cargo de Governador do Rio Grande do sul, ainda não havia requerido aposentadoria especial para governadores. 
Até maio de 2006, 24 anos de Senado Federal Pedro Simon fez 1.148 pronunciamentos.
Ele declara que sai da política pobre, e não é contestado. 
Em maio de 1995, Pedro Simon reclama do sucateamento do setor agrícola no Rio Grande do Sul:
"Perdoe-me o Senhor Fernando Henrique Cardoso. Tenho muito carinho por sua Excelência, dei-lhe o meu voto, é meu amigo, mas não entendo um sociólogo sentado na cadeira da Presidência da República que não tenha como primeira meta resolver o problema dos trinta milhões de brasileiros que passam fome. Atender esses trinta milhões de brasileiros que passam fome para mim é mais urgente que o problema da Petrobrás, que é importante, mas não tão urgente, ou do que o problema da privatização da telefonia, que é importante, mas não tão mais urgente.
eu vi, nesses seis meses, muita ação da esposa do Presidente.  Mas é aquilo que eu disse, parece que o Presidente dividiu - o social fica com a mulher dele e o resto fica com ele."
Eis que o Senador correto e sensato não pode ser responsabilizado pelas administrações que vieram depois que o governo militar promoveu a tão sonhada Abertura política e passou o mando aos presidentes civis, sendo ele um crítico do governo militar, sendo correto e sensato segue sendo crítico, em agosto de 2016, em uma entrevista, ele declarou que o presidente Temer, sendo Dilma afastada, não poderia sequer sonhar em mexer na operação Lava Jato e que não poderia manter em seu governo ministros investigados pela operação. Que ficha limpa é essencial.
Logo depois comprovou-se que o próprio Temer recebia malas semanais de dinheiro da JBS...
Voltando ao seu livro, ainda estou comentando a introdução, assinada por Jorge Schelb e Lourenço Cazarré, onde grifei alguns trechos:
"A impunidade é a regra. O caso mais escandaloso que se tem notícia é a absolvição do ex-Presidente Fernando Collor pelo supremo Tribunal Federal.
No caso do 'Vampiros' do Ministério da Saúde, o funcionário encarregado de controlar as licitações sabia da investigação que acabou por levá-lo à prisão. Mesmo assim, manteve o esquema de propinas. Afinal, um lobista que atuava na área desde os tempos de PC Farias chegou a ser denunciado e nada aconteceu. é o manto da impunidade, garantindo que, no máximo, os corruptos passem uns poucos dias de cadeia. Nunca precisarão devolver o dinheiro que roubaram e o patrimônio acumulado ilegalmente, à custa do trabalho e do sacrifício do povo. assim é o Brasil.
Em outros países também se rouba. Recentemente grandes corporações norte-americanas foram apanhadas fraudando balanços e enganando acionistas e o Fisco. a diferença é que lá, os responsáveis são punidos. Não existe impunidade como aqui."