18 novembro 2009

Zulmira Fernandes

Ela é uma mulher mignon de 48 anos, tem dois filhos, Raquel e Miguel. 
Raquel, todos chamam de Fifi. 
Fifi disse que com o exemplo da mãe, sente-se estimulada a também superar-se, só que no seu curso de direito. 
O marido de Zulmira chama-se Américo Fernandes, ele é fabricante de aberturas de alumínio. Zulmira atende no balcão de frios do maior supermercado da cidade, o Intermarché. 
Há cinco anos começou a treinar corrida, saía do trabalho e sem contar aos colegas e amigos, ia fazer seu cooper. 
Treinava no horário em que a maioria assistia as novelas. Quando se julgou preparada foi ao patrão e pediu patrocínio para participar da mais difícil corrida à pé da Terra, a Marathon Des Sables, que abrange 243km no deserto do Saara.
E do dia 27 de março ao 6 de abril, a região de Champagne, admirada viu Zulmira na tevê:
-Olhe lá a moça do balcão de frios!
Carregando numa mochila a tenda e tudo o que usou durante a maratona, recebia água racionada e entregue somente em alguns postos de verificação. Preparando sua própria comida, experimentando a temperatura de até 12o graus ao meio dia, caminhando sobre pedras, rochas e dunas de areia que lhe escangalharam três pares de tênis, a pele e a carne dos pés, aparecia a Zulmira nas reportagens, portuguesa de nascimento na maior aventura da sua vida, estava representando sua cidade de escolha, Saint Julien, na França.
Eu acompanhava a Secretária de Cultura de Saint Julien, Madame Chantal Choin, minha anfitriã durante a exposição das minhas telas na França na noite em que presenciei a maratonista receber uma medalha de honra, concedida pela municipalidade e entregue com pompa e circunstância pelo prefeito Daniel Picara, à atleta e a equipe que assumiu seu treinamento na temporada que antecedeu a maratona. 
Em meio aos flashs, Zulmira confidenciou-me que estava um pouco constrangida com a fama, o que ela gostaria é que todos soubessem, que se ela conseguiu, qualquer um pode...
Eu, que quase tive que usar asas de penas coladas com cêra para levar meu trabalho para expor na França, fiquei muito comovida com a Zulmira. "Qualquer um pode!"
Bon courage, mon ami.
Nas fotos, Zulmira e eu e 
Zulmira com sua equipe e seus patrocinadores após receber sua medalha de honra das mãos do prefeito de Saint Julien.
Para ver o brasileiro Carlos Dias no deserto do Saara, clique no título da postagem

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